Alguns brasileiros que vivem na Turquia querem voltar ao Brasil após perder tudo que tinham no terremoto que atingiu o país na última segunda-feira (6). Eles tentam embarcar no avião da Força Aérea Brasileira que chegou ao país nesta quinta levando uma missão humanitária, mas o Itamaraty ainda não confirma se eles poderão retornar na aeronave. 545842
Fernanda Koca, que falou ao Jornal Hoje, é uma das pessoas que busca por ajuda. Ela é casada com um turco, tem um filho e está gravida. Vivia na cidade Adıyaman, em uma zona rural, e perdeu tudo - até o celular usado por ela para gravar o vídeo enviado é emprestado.
"As pessoas que não tem condições de ir pra casa de alguém, não tem onde morar, estão morando em barracas. Agora, aqui, era onde meu sogro criava os bichos", lamenta ela, mostrando a destruição onde vivia.
Enquanto ela e outros brasileiros desejam deixar o país, outros, funcionários e voluntários de ONGs, trabalham para tentar ajudar quem precisa. A professora Mayara Oliveira, que trabalha na "Borders of Love" - Fronteiras do Amor, em português -, organização brasileira que ajuda refugiados desde 2014, está em Hatay, atingida pelos tremores. Ela gravou imagens da destruição na cidade e conta o que viu:
"Uma situação que foi marcante para mim foi um prédio que estava condenado - ele estava virado, a parte de baixo toda condenada - , e um pai pedindo para alguém ajudar, porque ele estava ouvindo a voz do filho chamar lá embaixo. Foram algumas pessoas com capacete de proteção, chamaram e, infelizmente, não ouviram nada. Não tinha mão de obra para ajudar naquele momento".
O técnico de enfermagem David Santos também faz parte da equipe da Borders of Love e quer ir para a região de Hatay ainda nesta sexta-feira (10).
"Estamos tentando alugar um caminhão para levar pallets de comida para lá, água, barracas, saco de dormir. Utensílios para a nossa equipe mesmo e para doar. E estamos tentando nos virar por lá conforme a gente consegue", conta.
Os 42 bombeiros, agentes da Defesa Civil e médicos brasileiros enviados pelo governo já estão na Turquia também, se preparando para começar a ajudar nas buscas por vítimas. Eles pousaram na capital Ancara e vão embarcar para a cidade de Adana, de onde serão enviados para a região de Kahramanmaras, onde foi o epicentro dos tremores.
O primeiro desafio é preparar as quatro cadelas que viajaram junto com a equipe para os trabalhos de busca, depois de 12 horas de viagem.
"Está frio, mas a gente até que está se adaptando bem. E as cadelas se adaptaram superbem. Então, é um ótimo sinal. A gente está carregando os pallets da aeronave, para embarcar", afirma a capitã do Corpo de Bombeiros Daniela Santos Oliveira.
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