Famílias de venezuelanos indígenas que escolheram para recomeçar, vivem de forma improvisada e em situação de vulnerabilidade, enfrentando desafios como a fome, insegurança, desemprego e xenofobia. Em busca de moradia, crianças e adultos sobrevivem com ajuda de voluntários.Uma bebê de apenas 5 meses está com um problema de pele em uma das pernas. As marcas apareceram há alguns dias e a mãe conta que já ou pomada, mas sem resultado. Ainda bem que havia uma médica voluntária por perto. 4x61h
Assim como a profissional, membros da igreja católica e da ajudam no dia a dia.
A criança está entre os cerca de 150 indígenas da etnia Warão que vieram da Venezuela. Pessoas que fugiram da fome e da invasão de terras mas que se não fossem os voluntários, estariam quase na total invisibilidade social.
“O trabalho nosso é prestar socorro, então a gente faz a campanha, por exemplo, na paróquia para eles terem pelo menos alguma madeira para poder fazer as tendas deles, que são casas provisórias porque esse lugar é provisório. Na época da chuva é terrível, dormindo no chão as crianças ficam doentes. Esse ano nós já tivemos uma criança que faleceu, no ano ado faleceram 3 crianças por causa da condição precária onde eles estão”, explica o antropólogo voluntário, Aloir Pacini.
Deste grupo, que mora no bairro São José, apenas 15 adultos trabalham de carteira assinada. Quem não trabalha fora, produz peças bonitas e delicadas de artesanato. Já entre as cerca de 50 crianças e adolescentes, poucas estudam.
Outro grupo familiar vive no bairro Jardim aredo. São 50 pessoas, sendo 15 crianças. Depois, o restante do grupo se mudou para o imóvel no bairro São José, porém eles têm prazo pra sair de lá.
A líder indígena explica que o dono da casa quer o local de volta em, no máximo, um ano.
A luta é conquistar um lugar permanente, além de escola e saúde porque eles não querem voltar para o país de onde vieram. Querem ficar na capital com dignidade e sem perder tradições, como a língua.
“Também aprender português, isso é mais importante, e nosso idioma que nós não podemos abandonar”, afirma Ernaida.
Busca por apoio
Os voluntários afirmam que já tentaram conversas com políticos porém sem sucesso.
“É uma vergonha você não disponibilizar uma escola pra eles, é simples não é tão difícil. Do jeito que está nós estamos deixando essa criançada na marginalidade. Não temos como pensar soluções sem ar pela escola, e, claro, uma escola que respeite a língua deles, seja diferenciada e específica para os Warão”, destaca Aloir.
Por meio de nota, a prefeitura informou que as famílias são assistidas pela Secretaria de Assistência Social e já estão inscritas no CadÚnico e recebem benefícios de R$ 600 a R$ 1.200.
O poder público municipal disse que já comunicou a situação das famílias indígenas à Funai e Sesai.
Ainda na nota a prefeitura disse que na última visita, distribuiu cobertores, cestas básicas, caixas de leite e kits de natalidade.
Já o Ministério Público do Estado de Mato Grosso informou que possui inquérito civil instaurado no âmbito das promotorias de Justiça da Infância e Juventude de Cuiabá, para acompanhar a situação das crianças venezuelanas indígenas.
O Governo do Estado, Funai e Sesai ainda não responderam.
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